O poeta Carlos Drummond de Andrade marca não apenas uma época, mas um movimento literário e uma sociedade de transformações. De acordo com a Professora de Literatura, Drª Nara Marley Alessio Rubert, é ele quem inaugura e finaliza a II fase do Modernismo, com as obras Alguma Poesia, e a marcante “A rosa do povo”. No movimento, também conhecido como “Geração de 30”, destacam-se “temas nacionais, sociais e históricos”, segundo a Professora de Literatura, Daniela Diana.
A Rosa do Povo foi publicado em 1945 com 55 poemas. Descrevendo os textos, a Professora Nara Rubert explica que “a maioria dos poemas são longos e os versos extensos; as imagens são densas; além da imensidão de construções”. Ela utiliza o poema Rola Mundo para exemplificar o último item:
“Como vencer o oceano
Se é livre a navegação
Mas proibido fazer barcos?”
Como é característico nas poesias, o livro suscita diversas emoções nos leitores. “No decorrer da leitura de A rosa do povo, experimentamos muitos sentimentos: lições metapoéticas como em Procura da poesia, dramas da existência – Carrego comigo, resgates memorialistas, como em Desfile, e o insistente comprometimento com os problemas sociais da época, como no consagrado A flor e náusea”, explica Rubert.
Citando Citando Drummond, ela revela que a obra “…de certa maneira, reflete um ‘tempo’, não só individual mas coletivo”. O período, com a Segunda Guerra Mundial e crises no Brasil, era de desesperança, porém, segundo Nara Rubert, Drummond “adquire o equilíbrio em sua relação com o mundo na publicação de A rosa do Povo“. Ela utiliza dois poemas para exemplificar o fato, O Medo, onde Drummond apresenta “a descrença completa”:
“Refugiamo-nos no amor
este célebre sentimento,
e o amor faltou: chovia”
E Cidade Prevista, onde encontramos “a mais completa e atual resposta aos grandes males da humanidade”:
“Um mundo enfim ordenado,
uma pátria sem fronteiras,
sem leis e regulamentos,
uma terra sem bandeiras,
sem igrejas sem quartéis,
sem dor, sem febre, sem ouro,
um jeito só de viver,
mas nesse jeito a variedade,
a multiplicidade toda
que há dentro de cada um.”