Na tarde de terça-feira aconteceu o segundo dia de debates da Festa Literária da Comunicação. A primeira mesa tratou do tema Booktubers, bloggers e plataformas digitais: a leitura na rede, e esteve composta por Denise Guilherme, Vana Campos, Daisy Carias, Flávia Scherner, e Doca Cobertt.
A mediadora do debate foi Ariele Silverio Cardoso, que abordou a contemporaneidade como palavra-chave para definir o momento. O evento começou com a apresentação de cada um dos convidados da mesa, que mostraram e contaram um pouco sobre os seus trabalhos.

Denise Guilherme, Flávia Scherner. Daisy Carias, Ariele Silverio Cardoso, Vana Campos e Doca Corbetti (Foto: Victor Santos)
Denise Guilherme, criadora de A Taba, plataforma especializada em curadoria de livros infantis, foi quem abriu a conversa:
“As crianças e adultos que aprendem a ler bem, aprendem a ler o mundo, as pessoas e a si mesmos”, citou.
A intenção de Denise é democratizar o acesso ao conteúdo literário. Pensando nisso, ela criou um clube de leitores e uma roda de leitura online. Leitores dos mais diversos lugares do mundo podem interagir sobre a obra escolhida pelo núcleo. Denise também falou sobre a necessidade da conversa e da comunicação, justificando que ambas dão novo sentido à relação com a leitura.

Denise Guilherme (Foto: Victor Santos)
“Nossa ideia é divulgar a literatura e transformá-la em alimento”, disse Vana Campos, a booktuber do canal Culturando.
Ela mostrou um pouco dos bastidores do seu trabalho, que é feito juntamente com seu marido, o cineasta Doca Cobertt. Nos vídeos, Vana conta as histórias dos livros de forma extrovertida e muito familiarizada com o leitor, desconstruindo paradigmas.
“Meu objetivo é estimular as crianças a leituras inteligentes de assuntos cotidianos, retratados de forma de fácil entendimento”, finalizou.

Vana Campos e Doca Cobertt (Foto: Victor Santos)
Flavia Scherner muda até de nome na apresentação do seu canal. Na internet é conhecida como Fafá Conta. Como o nome já diz, Fafá é contadora de histórias no Youtube. Ela apresentou um de seus vídeos contando a história “A Cor de Coraline”, texto que aborda o tema racismo de forma implícita, favorecendo o movimento de desconstruir construindo, e essa é uma das intenções da criadora do canal, fazer as crianças pensarem e lerem mais.
“Descobri na leitura uma brincadeira com livros”, mencionou.

Flávia Scherner (Foto: Victor Santos)
A forma de tratar os assuntos é um pouco diferente por parte da booktuber e jornalista Daisy. Ela aborda temas de mais complexabilidade para serem apresentados às crianças, como morte, diversidade, entre outros. O filho dela também participa de alguns vídeos, e foi assim que Daisy descobriu uma das inúmeras formas de brincar com ele.

Daisy Carias (Foto: Victor Santos)
Durante a mesa, várias perguntas foram respondidas pelos convidados. Eles contaram que os canais não são monetizados, que ficam felizes com a reciprocidade do público quando veem seus vídeos e também quando conseguem conversar com os autores das obras que são contadas. Porém também recebem algumas críticas pelo fato de tratarem assuntos que alguns acham que não são adequados para a idade de quem lê os livros. Além disso, falaram sobre as dificuldades que enfrentam, pois eles mesmos que arcam com seus custos, como cenário, equipamentos, entre outros. O debate foi encerrado com os elogios da plateia, pois o trabalho que fazem é sem fins lucrativos e visa a fazer a literatura ser prazerosa para, com isso, conquistar novos leitores.
Interações, performances e recursos estilísticos
A segunda mesa foi mediada por Felipe Pena, jornalista, psicanalista, professor e escritor. Na mesa, Tico Santa Cruz e Sonia Virginia Moreira abordaram o tema: “Interações, performances e recursos estilísticos”.

Sonia Virginia Moreira, Felipe Pena e Tico Santa Cruz (Foto: Victor Santos)
Sonia Virginia Moreira trouxe o assunto rádio-literatura para a mesa. De acordo com ela, o rádio é um meio muito forte e existe pouca literatura nas rádios. Os livros realmente não estão presentes nas rádios”. Ela abriu o debate com uma história contada por uma rádio do Rio Grande do Sul, que aproximadamente 60 anos atrás fez uma adaptação da obra O Guarani, de José de Alencar, e questionou o porque das rádios não fazerem mais isso.
“Quero instigá-los a usar esse meio maravilhoso”, comentou.
Sonia Virginia Moreira (Foto: Victor Santos)
A Flicom encerrou com a fala do segundo convidado, Tico Santa Cruz, que vive de arte, música e literatura. Ele falou sobre resistência em meio a todos os problemas que artistas estão sofrendo, mencionando as restrições ligadas ao incentivo à arte e mesmo as questões que envolvem a liberdade de expressão. Também destacou a necessidade de se fortalecer as bases culturais, aprendendo a utilizar estratégias de discurso e de análise de discurso.
“O mundo que a maioria das pessoas vive é editado”, disse.

Tico Santa Cruz (Foto: Victor Santos)
REPORTAGEM: DANIELE PEZZUTTI, MILENA MEZALIRA E VICTOR SANTOS.
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