O prêmio Passo Fundo de Literatura já tem o seu vencedor. A conquista deste ano de 2011 foi do escritor potiguar João Almino, com a obra “Cidade Livre”. O anúncio do vencedor foi feito na abertura da 14ª Jornada Nacional de Literatura, realizada na noite de segunda-feira (21), no Circo da Cultura. Na oportunidade, também foi anunciado o vencedor do 12º Concurso Nacional de Contos Josué Guimarães
Conhecido no meio literário pela importância e reconhecimento, o Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon premia, desde 1999, o melhor romance escrito em língua portuguesa nos dois anos anteriores à Jornada Nacional de Literatura. Em 12 anos, nomes influentes da cultura e do meio literário – como o moçambicano Mia Couto, premiado em 2007 com a obra “O outro pé da sereia” e o compositor e escritor Chico Buarque de Hollanda, que em 2005 conquistou o prêmio com a obra “Budapeste” – são aclamados pelo público presente na lona do Circo da Cultura, além de receberem uma quantia em dinheiro.
Além de diplomata, com escritos sobre história e filosofia política, João Almino também é autor de romances. A obra “Cidade Livre” conta os bastidores da construção da capital federal no final da década de 1950, durante o governo Juscelino Kubitschek. Cidade Livre foi o primeiro nome do Núcleo Bandeirante – a cidade provisória que seria desmontada com a criação de Brasília. Para o escritor, que recebeu 150 mil reais pelo prêmio Passo Fundo, ser reconhecido por seus pares é uma honra:
– É o melhor momento para um filho do Rio Grande do Norte conhecer o Rio Grande do Sul, essa terra com uma longa e forte tradição literária que é Passo Fundo, cuja tradição é reconhecida para além das fronteiras nacionais. Os dez finalistas são excelentes escritores; é uma alegria estar em sua companhia. Foi o maior prêmio que já recebi e um dos maiores que existe no país. Fico muitocontente com isso, comenta Almino.
De acordo com escritor, a escolha pelo tema Brasília tem a ver com a sua formação como leitor:
– Quando comecei a escrever, não tinha ninguém que falava sobre isso. No nordeste, tive a oportunidade de ler Graciliano Ramos com 14 anos. Isso foi muito bom, completa João.
Em oposição ao livro, que coloca Brasília como uma cidade-referência, muitos históriados criticam-na pelo fato do gasto excessivo durante a sua criação, o que fez com que o país tivesse problemas financeiros por muito tempo. Tratando sobre o assunto, Almino procura contemporizar:
– Há um misto das duas coisas [críticas e elogios pela construção da cidade]. Um e outra tinha razão no tocante à inflação. Eu procurei trazer a perspectiva de várias pessoas, tanto positivas, com entusiasmo, como também daquelas que criticavam a construção.
No tocante às novas tecnologias, Almino é categórico:
– É um futuro inevitável a revolução da escrita. A dualidade existente entre as novas ferramentas e a escrita é um processo em que um acaba alimentando o outro, que se tornou muito mais fácil hoje em dia.
Confira no vídeo o escritor vencedor do prêmio comentando sobre a relação entre livros e e-books:
httpv://www.youtube.com/watch?v=wmL_ezMgfUM
12º Concurso Nacional de Contos Josué Guimarães
Grande homenageado nesta edição da Jornada Nacional de Literatura, Josué Guimarães é nome do Concurso de Contos que é realizado desde 1988. Na edição deste ano, o premiado foi o baiano João Goulart de Souza Gomes. Para o escritor – que ganhou o prêmio de R$ 5 mil reais e uma passagem para Santiago de Compostela, na Espanha, com a oportunidade de fazer um intercâmbio com a universidade local -, estar aqui, pela primeira vez na Jornada, é um grande prazer:
– A Jornada é maravilhosa. Um dos maiores e mais importantes reconhecimentos que um escritor pode ter. Me surpreendeu muito, porque não existe uma premiação tão significativa como essa no Brasil.
Natural de Salvador, João Goulart escreve há quase 30 anos. Passando por múltiplas formas de linguagem, o escritor se coloca como um inspirador em busca de diferentes oportunidades literárias:
– Eu gosto de jogar com todos os estilos. Ao longo dos 27 anos de carreira, fiz trabalhos com ensaios, romances e poesia. Comecei a praticar contos há 10 anos. O meu prazer com a literatura é praticá-la nos diversos níveis, conclui.
A comissão julgadora do Concurso Nacional de Contos foi indicada pelas instituições que promovem o prêmio: Universidade de Passo Fundo (UPF), Prefeitura de Passo Fundo, governo do Estado do Rio Grande do Sul e Instituto Estadual do Livro.
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