Uma vida dedicada a outra vida. Nádia Batella Gotlib se encantou pelas obras de Clarice Lispector quando leu o primeiro livro da autora, “Laços de Família”, em sua adolescência. Desde então, se dedicou inteiramente a pesquisar sobre a vida de Lispector. Foi assim que Nádia escreveu seu primeiro livro “Clarice: uma vida que se conta”, editado em 1995 e, atualmente, em sua sétima edição. Em seguida, a escritora publicou “Clarice: fotobiografia”, que está na terceira edição. “Estes são os dois livros que eu publiquei sobre ela até agora. E eu tenho a intenção de reunir os ensaios que ela escreveu para também publicar”, diz Nádia.

Bráulio Tavares, Ricardo Silvestrin, Nádia Gotlib e Cintia Moscovich na entrevista coletiva durante a tarde de 04/10 (Foto: Fabiana Beltrami)
Um dos principais desafios para a autora, em tempos de redes sociais, são as frases que são atribuídas a Clarice e que não são de autoria dela. Para Gotlib, esse fenômeno é horrível. “As pessoas adquirem uma ideia falsa da Clarice, acham que estão lendo Lispector. As frases são muito bobas, a Clarice fica banalizada”, ressalta Nádia.
A escritora ressalta que as características principais das obras de Clarice permanecem fortes em todos os seus tipos de escrita, de romances a obras infantis. Analisando as obras, Lispector tem uma marca de suspense, sempre envolvendo crimes. “Clarice tem textos muito sádicos, que eu acho interessantíssimos, eu adoro”. Nádia também ressalta que Clarice utiliza em suas obras representações dos medos que temos de enfrentar diariamente, o que faz com que a escrita se conecte ao leitor, já que de uma forma ou de outra, a pessoa vai se colocar no lugar do personagem ou vai se sentir representada em algum momento.
As palavras de Lispector sempre foram muito presentes na vida de Nádia, porém uma em especial marcou a vida dela, o livro “A quinta história”:
“É um livro exemplar. Ela descreve todas as partes detalhadamente, tanto o ato de assassinar, a descrição das vítimas e até o assassino. E os estilos de morte são terríveis. Queira ou não, o leitor se identifica com o que está escrito ali”, enfatiza.
Nádia participa na noite de hoje, 04/10, da conferência “Centauro, pedra, rosa e estrela: Scliar, Suassuna, Drummond, Clarice”, que ocorre no Espaço Ariano Suassuna, durante a 16ª Jornada Nacional de Literatura. Os outros autores que compõe a mesa são Bráulio Tavares, Ricardo Silvestrin e Cintia Moscovich.
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