O Seminário Internacional de Pesquisa em Leitura, Literatura e Linguagens: Novas Topografias Textuais aconteceu no auditório da Faculdade de Direito da Universidade de Passo Fundo e é parte integrante da 16ª Jornada Nacional de Literatura e 8ª Jornadinha Nacional de Literatura. Como tema da Mesa 2, o seminário promoveu, em seu segundo dia, a palestra “Leitura, Literatura, Linguagens e Ensino” . O mediador da conversa foi Diógenes Buenos Aires de Carvalho, professor do curso de Letras da Universidade Estadual do Piauí (UEPE) e autor de dois livros.
A primeira convidada da mesa a fazer uso da palavra foi a prof. Drª Angela Paiva Dionísio, professora adjunta de Língua Portuguesa do curso de Letras da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Ela é professora titular aposentada da instituição. Sua palestra, intitulada “Gêneros textuais como motivação na formação de leitores”, fala que a relação entre leitores está muito atrelada à leitura e à palavra escrita: “Nem sempre a relação de leitor vai ser com a palavra, ela pode ser com imagem ou com fotografia, por exemplo”. Angela usou Charles Bazerman como base e citou uma frase do autor que diz que “é difícil ler coisas que não achamos interessantes” e completou: “É importante pensar como nós nos dividimos como leitores e formadores de leitores”.
Ela também usou a reativação das representações das memórias como base da imaginação: “É criatividade que depende de reativação de representações sensoriais”. Segundo a professora, o gênero é uma ferramenta para descobrir os recursos que os alunos trazem consigo, ou seja, os gêneros que trazem de formação e de sua experiência na sociedade: “Muitas vezes queremos que nosso aluno passe a ler um gênero que nunca viu e isso provoca o desinteresse. […] É preciso que haja a introdução de novos gêneros que vão além do seu limite linguístico”.
Quanto mais eu participo de situações de aprendizagem com professores, mais motivação eu sinto para ser professora nessa encarnação.
Cecilia Bajour, professora especializada em Literatura Infantil e Juvenil da Universidad de San Martín, é formada em Letras pela Universidade de Buenos Aires e Máster em Livros e Literatura para Crianças e Jovens pela Universidade Autônoma de Barcelona. Em sua fala, ela fala do silêncio para refletir acerca de questões da literatura infantil, assim como objetos estéticos figuras retóricas, configurações ideológicas e outras formas de ligações entre crianças e adultos: “Em todo o livro, há um sistema de lacunas silenciosas que exploram todos os pensamentos possíveis”.
Os saberes ao redor da imagem como signos específicos podem ser aliados na construção de sentidos.
Em seguida, a professora Cecilia abriu a sessão de análise do silêncio em obras infantis e falou que o ilustrador decide nestas obras o que vai contar e o que não vai contar: “Todo o contexto, a forma do desenho, a escolha das cores… também é uma escolha editorial para contar a história. A forma dos desenhos também faz parte desta perspectiva”.
Para encerrar o ciclo de palestras da tarde desta quinta-feira, o Prof. Dr. Rildo Cosson, professor do Programa de Pós-Graduação do Centro de Formação, Treinamento e Aperfeiçoamento (Cefor) da Câmara dos Deputados e pesquisador do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale) da Faculdade de Educação da UFMG, falou sobre “o que acontece com o ensino da literatura em tempos de internet?”. Ele citou que a escola está voltada para o texto e a escrita e todos nós usamos a internet, de uma forma ou de outra.
Ele promoveu uma reflexão em três hipóteses para falar sobre o tema central da palestra. A primeira delas, nada, “porque a escola não chegou direito ao impresso, mediação perante os livros praticamente inexistente e livros didáticos 3 em 1 (antologia, manual de exercícios e guia curricular)”. A relação da internet com a escola, segundo o professor, também está sendo problematizada, pois as escolas estão proibindo o seu uso e a própria escola não favorece o uso da internet. A segunda hipótese fica com a hierarquização menorizadora do digital, com uma relação de sinonímia de livro e literatura, que se reduz ao seu conteúdo e não funciona na internet. A terceira e mais favorável hipótese é a literatura do futuro agora.
A programação do Seminário Internacional de Pesquisa em Leitura, Literatura e Linguagens: Novas Topografias Textuais segue nesta sexta-feira (06) no auditório da Faculdade de Direito, a partir das 14h.
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