A Festa Literária da Comunicação (FLICOM) iniciou na tarde de terça-feira (03), integrando a programação da 16ª Jornada Nacional de Literatura. Esta é a terceira edição do evento: a primeira foi realizada na cidade de Ouro Preto e a segunda na cidade de Porto Alegre. O evento tem intenção de debater assuntos atuais ligados à mídia e criar um vínculo do aluno de comunicação com sua futura profissão.O início foi marcado com as boas-vindas do coordenador da Faculdade de Artes e Comunicação da Universidade de Passo Fundo, Prof. Ms. Cassiano Cavalheiro Del Ré, e uma breve fala do jornalista, professor e escritor Felipe Pena para declarar a abertura da festa. Coordenado por Felipe Pena e programação integrante do Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom), a primeira tarde da Flicom aconteceu no auditório do Instituto de Ciências Exatas e Geociências II (LCI – B5).
- Cassiano Cavalheiro Del Ré, professor e coordenador da FAC/UPF. Foto: Érica Soares.
- Felipe Pena, mediador da primeira mesa, executa sua fala inicial.
A primeira mesa de debates da tarde foi mediada por Pena, e contou com a participação de Fernando Molica, Henrique Rodrigues e Luize Valente, discutindo o tema “Fronteiras entre ficção e realidade nas narrativas contemporâneas”. Foram mencionadas experiências dos convidados, além de seus livros, e dicas para os alunos que em breve, vão compor a nova geração de comunicadores. Cada um dos convidados da Mesa 1 tinha 15 minutos para explanar sobre o tema, falar sobre suas obras e também sobre o que o convite que receberam para participar da Flicom.

Fernando Molica, Luize Valente, Felipe Pena e Henrique Rodrigues. Foto: Érica Soares/Nexjor
Fernando Molica, jornalista, escritor e autor do livro “Uma selfie com Lenin”, sua mais recente obra, foi quem abriu o bate papo:
“O jornalismo busca a melhor versão de uma história. O mesmo fato permite diversas leituras, buscar honestidade e rigor técnico”, mencionou.
Na fala sobre seu livro, ao fazer um breve resumo da história, questionou o público, sobre o que o personagem faz o leitor pensar: “O que leva alguém à corrupção?”. Ao mesmo tempo em que falou sobre jornalismo dentro de uma grande emissora, falou também sobre ficção, e alguns dos conceitos que o levam a escrever um livro: “Na ficção meu julgamento moral é muito mais relativizado. […] Ela trabalha com dúvidas, angústias, a boa literatura trabalha com possibilidades”.

Fernando Molica. Foto: Érica Soares.
O segundo convidado da mesa foi Henrique Rodrigues, produtor cultural do SESC, um dos patrocinadores da Jornada. Também trabalha como jornalista e escritor, e falou sobre como os problemas sociais emergem em suas obras:
“O Brasil paga um preço muito alto por não ter educação de qualidade”. disse.
Ao falar sobre uma de suas obras intitulada “O próximo da fila” falou sobre os conceitos de representação simbólica e romance de formação, e deu um exemplo de como funcionam. “ O romance de formação é um rito de passagem. É como se o Brasil fosse um adolescente fazendo besteiras e se achando um máximo”, que é a representação simbólica do que o autor quer dizer.

Henrique Rodrigues. Foto: Daniele Pezzutti
A terceira convidada foi Luize Valente, ex-editora internacional da Globo News, sua obra retrata a segunda guerra mundial, iniciou sua fala mencionando:
“O jornalismo procura fontes, refaz caminhos, reconstitui histórias”.
Escolheu falar da guerra, pois acredita que as consequências do acontecimento estão presentes na realidade que se vive atualmente. Luize, também mostrou o conceito de verossimilhança interna: “Dar mais humanidade a assuntos universais”. E agraciou o público com breves citações de seu livro, que será lançado em novembro.

Luize Valente. Foto: Érica Soares.
Ao final da mesa, todos os autores leram duas páginas de uma de suas obras, por um pedido feito pelo mediador Felipe Pena. Fernando Molica escolheu um conto de “Uma Selfie Com Lenin”, Luize Valente leu duas páginas de sua mais recente obra, “Sonata em Auschwitz”, Henrique Rodrigues contou sobre seu livro “O Próximo da Fila” e, por último, Felipe Pena leu uma crônica de “O Verso do Cartão de Embarque”, como suas considerações finais.
A segunda mesa de debates foi mediada por Ana Spannenberg, egressa do curso de Jornalismo da Faculdade de Artes e Comunicação da Universidade de Passo Fundo, e atual professora da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Na mesa, Ariele Silverio Cardoso, Juremir Machado e Felipe Pena, com o tema: “Iconoclastia, história e narrativas políticas”. A conversa foi polêmica, e incentivou muito aos alunos, que tiveram acesso a assuntos atuais, pelo olhar jornalístico.

Ariele Silverio Cardoso, Felipe Pena, Ana Spannenberg e Juremir Machado. Foto: NEF/ Roberto Sander.
Juremir Machado, professor, escritor e jornalista, fala sobre sua obra “Raízes do conservadorismo brasileiro”, com muito bom humor, mencionou: “ Somos agradecidos pelo fato de conseguir ter um caderno cultural em um veículo impresso, pois ambos estão sendo deixados de lado”. Sobre iconoclastia e história, falou que:
“Ciências sociais aplicadas são opiniões próprias nas normas da ABNT”.

Juremir Machado. Foto: Érica Soares.
O segundo convidado da mesa foi Felipe Pena, jornalista, psicanalista, professor e escritor. Lançou em agosto o livro “Crônicas do Golpe” que narra aos olhos de Maria Antônia, sua filha hipotética, os 18 meses que rondaram o golpe de 16. Menciona o jornalismo de resistência, onde segundo ele o profissional precisa:
“Destruir os ícones que roubam a cognição […] você não pode mas você consegue”.
E ainda explicou sobre modelos de escrita: “Uma escrita simples é mais complicada que uma escrita difícil, pois você precisa saber a diferença entre simples e superficial. O simples elabora uma tradução da complexidade.”.

Felipe Pena. Foto: Érica Soares.
A terceira convidada foi Ariele Silverio Cardoso, jornalista e antropóloga, falou muito sobre como o jornalista deve se manter sonhador:
“ Utopia é um horizonte, a cada dois passos, ela está a mais dois passos distante”.
E motivou os alunos a transformar a realidade da profissão, que o desafio estava nas mãos do futuro, e eles são o futuro. Comentou também sobre golpe, citando o primeiro convidado, Juremir Machado, e dando ênfase em um termo dele: “O golpe é midiático, civil e militar”.

Ariele Silverio Cardoso. Foto: Érica Soares.
A segunda mesa da Flicom do dia encerrou com cada um dos participantes dando suas contribuições e agradecimentos finais.
O primeiro dia da Festa Literária da Comunicação foi de grande apreciação e a programação continua hoje (04/10). As mesas 3 e 4 acontecem no auditório do LCI, a partir das 14h e das 16h, respectivamente. Toda a programação da Flicom você pode conferir no site oficial da 16ª Jornada Nacional de Literatura.
REPORTAGEM: DANIELE PEZZUTTI, ÉRICA SOARES E FRANCIELE MORAES.
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