Em sua primeira participação nas Jornadas Literárias de Passo Fundo, Eliandro Rocha, gaúcho de Sapucaia do Sul, com um sorriso simpático disfarçando o nervosismo em conceder uma entrevista, se encanta pelo trabalho realizado com suas obras. A proposta principal da festa das letras é a de formar leitores, proposta essa que combina com a de Eliandro.
Desde criança sua brincadeira favorita era a de imaginar, mas nunca pensou em ser escritor, ainda mais de livros infantis. Chegar na Jornadinha e ver a preparação dos alunos para discutirem suas obras o surpreendeu. “As crianças chegam sabendo quem tu é, tendo perguntas, conversando. É perceptível que tem uma preocupação de ir além do que está lido. E é um pessoal de Universidade, porque a Universidade é um polo de conhecimento muito grande que faz oxigenar coisas, e eu gosto muito disso”, explica.

Eliandro Rocha é autor das obras indicadas para a 8ª Jornadinha Nacional de Literatura, “A ponte”, “Amigo secreto”, “Escola de príncipes encantados” e “Roupa de brincar”. | Foto: NEF FAC UPF
Autor das obras “Escola de príncipes encantados”, “Amigo secreto”, “A ponte” e “Roupa de brincar”, acredita que o maior desafio em trabalhar com a formação de leitores é a concorrência com o produto que está lançado no mercado. “Eu me preocupo muito com a formação de leitores e não de consumidor. Porque se eu formar leitor vou ter um consumidor de livro por muito tempo, para os filhos, para a família”, ressalta Eliandro.
Enquanto cursava a faculdade de Marketing Eliandro trabalhou na biblioteca de uma escola. Lá, ele contava histórias para crianças e resolveu escrever seu próprio livro. Escrever para crianças, segundo Eliandro, é como plantar sementes do bem, pois elas são um terreno fértil. “Eu acredito que é muito difícil mudar um adulto e a minha escrita sempre provoca e eu gosto de um texto que cause uma provocação. Meu texto não é pedagógico, eu não gosto de ensinar nada para ninguém, acho que a literatura não tem esse comprometimento de ensinar. A literatura tem que simplesmente ser lida, vivida e sentida. Então, é por isso que eu procuro nos meus textos falar de amor, de amizade”, comenta.
“A literatura tem que simplesmente ser lida, vivida e sentida”
Preocupado com a identidade da literatura brasileira, Eliandro deixa um recado para seus leitore,s para que tomem cuidado com os objetos disfarçados de livros. “Procurem conhecer a literatura brasileira, que é uma literatura maravilhosa premiada fora daqui e que as vezes não é tão consumida (no Brasil). A maioria dos leitores querem os best-sellers, os livros importados, os que viram nos filmes. E a nossa literatura brasileira está pedindo socorro, está pedindo ajuda. Procurem ver mais a literatura nacional, temos livros incríveis”, conclui.
“A nossa literatura brasileira está pedindo socorro”
Do apelo do escritor gaúcho à semente plantada por seus livros, Eliandro Rocha, se despede da programação de sua primeira Jornada Nacional de Literatura com o troféu de participação Roseli Doleski Pretto.

Alexandre de Castro Gomes e Eliandro Rocha recebem o prêmio Roseli Doleski Pretto de participação da 16ª Jornada e 8ª Jornadinha Nacional de Literatura. | Foto: NEF FAC UPF
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