O escritor que através das palavras conta, resolve, vive os seus dilemas pessoais. Julián Fuks envolve os leitores, instigando-os a buscar o seu próprio romance e desvendar os sentimentos em conflito. “À Procura de um Romance” levou longos quatro anos para ser escrito e “para mim todo livro acaba sendo um processo, eu não parto de uma noção muito fechada e pronta. Não está tudo roteirizado no instante em que eu vou começar” conta Fuks. A história, a criação do livro, trouxe o amadurecimento para o escritor. A obra “teve esse caráter de procura e de dar conta de uma certa transformação que passava em mim mesmo”. É um processo de escrita e de descoberta, as vezes era necessário se afastar um pouco e enxergar as coisas com uma outra visão e só dessa maneira a escrita fluía.

Julián Fuks FOTO: VITOR FERREIRA
Julián ainda pode ser considerado um autor novato, com quatro obras publicadas, por isso é difícil defini-lo em um gênero específico. Já suas influências literárias, segundo ele são muitas: “Vou migrando de algumas referências para outras com o tempo. Isso é para justamente me transformar como escritor, e não me acomodar num certo modo de fazer”. Recentemente, entretanto, a auto-ficção tem estado mais próxima do que nunca, assim como as narrativas sobre ditaduras militares de muito escritores latino-americanos.
O alter-ego do escritor esteve muito presente no seu último livro, que no início surgiu como um conto e somente depois foi modificado e expandido. “A Resistência” era quase que uma dívida que eu tinha comigo mesmo e com a minha família” diz Julián, que se permitiu narrar e compartilhar um momento marcante de sua vida com o público, como ele mesmo explica: “No princípio, o momento em que estávamos vivendo era tão intenso que não tinha a disposição necessariamente de escrever a respeito, mas com o tempo aquilo foi fazendo mais sentido para mim e percebi que precisava escrever a respeito”. E desse modo surgiu o livro que marcou a sua carreira.
Na sua segunda participação no evento, e a primeira na Jornada, o escritor reuniu uma multidão de fãs que esperou abaixo de chuva para ganhar um autógrafo. “A Jornadinha de 2005 foi o primeiro evento literário que participei na minha vida. Eu tinha acabado de lançar meu primeiro livro, um livro curto de contos, e foi algo muito marcante”. Agora ele está na lona principal formando a mesa de debates “Monstros e outros medos colecionáveis” e fala para dois mil participantes da 16ª Jornada Nacional de Literatura. “Porque quando você escreve, você pensa que escreve para si mesmo, para poucos. Não para todos, não para ninguém. E aqui você todas as vezes que a literatura é um ato coletivo, que a literatura não está definhando. Ela está viva e está sendo lavada muito à sério e muito longe”.
A 16ª Jornada e a 8ª Jornadinha Nacional de Literatura trouxeram ao campus I da Universidade de Passo Fundo 23 mil pessoas apaixonadas por leitura, que acreditam no poder dos livros e na magia das histórias.
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