Oficina traz à Jornada representações sobre as identidades e a diferença surda no cinema.
Há quem diga que uma imagem vale mais que mil palavras. Para surdos talvez esta frase faça ainda mais sentido, pois são as imagens que os conduzem ao encantamento do cinema. Pois esta perspectiva vem sendo trabalhada na 14ª Jornada Nacional de Literatura da Universidade de Passo Fundo (UPF): até quinta-feira, 25 de agosto, deficientes auditivos e interessados no assunto participam de uma oficina ministrada pela especialista em educação para surdos, professora da UFRGS Adriana da Silva Thoma.
Durante a atividade – que faz parte da programação paralela da Jornada – os participantes assistem a filmes que demonstram como a sociedade retratou este público por meio dos audiovisuais. Além disso, debatem os caminhos que as produções ligadas à sétima arte têm percorrido para se integrar ao mais adequados recursos em termos de acessibilidade e inclusão.
Na manhã da quarta-feira (24), os participantes assistiram ao filme “O País dos surdos”, de Nicolas Philibert, que mostra um país onde reinam os sistemas de comunicação específicos, e tudo se passa através do olhar e do toque. O dia-a-dia da vida de surdos – que desde o seu nascimento ou primeiros meses de vida, sonham, pensam e comunicam com sinais – é retratado de uma maneira que nos leva a ver o mundo pelos olhos deles. Com o embasamento no filme, os participantes “debateram”, através da língua de sinais, o contexto do filme. Para finalizar a atividade, os participantes fizeram algumas perguntas à professora.
Para Adriana os surdos muitas vezes foram vistos no cinema como pessoas de pouca comunicação. Segundo ela a maioria dos audiovisuais que desenvolve esta temática carrega consigo a metáfora do silêncio. Uma forma até preconceituosa de tratá-los como pessoas que não se comunicam. “O cinema tem um potencial enorme para problematizar as situações sociais. Ao mesmo passo que ele aponta diferentes formas de ver o mundo, ele educa, provoca reflexão e auxilia no processo de construção do conhecimento do sujeito”, destaca.
A especialista aponta que um dos desafios atuais no Brasil é a aplicação de legendas nas salas de cinema não só em obras estrangeiras, mas também em produções nacionais. “Pesquisas demonstram que os surdos preferem esse recurso, pois a utilização da janela com intérprete, em geral muito pequena, acaba dificultando a compreensão”, defende Adriana. De acordo com ela, as legendas servem ainda para ampliar o contato dos deficientes auditivos com a língua portuguesa.
Agradecimento:
Cristine Luna e Claudia Furlanetto – tradutoras/intérpretes de língua de sinais – SAES /UPF
Amanhã será o último dia da oficina:
IFCH – Campus I, prédio B4 – sala 01
Das 8h30min às 11h30min
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O País dos surdos (Le Pays des sourds, França, 1992)
Direção e roteiro: Nicolas Philibert
Duração: 99 minutos
Tipo: longa-metragem
Você pode conferir o filme completo neste link
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Tatiane Santi
Colaboração: Fabio Rosso
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