
Fisher está na coordenação da mesa do 4º Encontro Estadual de Escritores Gaúchos
“Se a Jornada Nacional de Literatura acontece em Passo Fundo, que é Rio Grande do Sul, nada mais justo do que destinar parte dessa mostra cultural para debater a leitura regionalista”. É desta forma que Luís Augusto Fischer abre os trabalhos do 4º Encontro Estadual de Escritores Gaúchos. A programação integra a 15ª Jornada Nacional de Literatura e nasceu no ano 2007, com a intenção de refletir a produção literária do estado. “Eu procuro a cada encontro trazer para a mesa assuntos que de alguma forma estejam no interesse do gaúcho, correspondendo os debates e interesses do momento”, diz Fischer, que coordena o encontro dos escritores.
“É como se eu jogasse linguagens no ventilador”

Do punk rock à literatura, Rodrigo traz seus livros como mistura de linguagens.
Ao apresentar a leitura como forma de conscientização juvenil, o debate desta quarta-feira mesclou literatura com as múltiplas linguagens. Integrando essa variedade, a mesa contemplou a importância da interculturalidade. O pelotense Rodrigo dMart lembra que a valorização do profissional que transita na multidisciplinaridade demora para ser reconhecida. “Às vezes é necessário ter até três empregos para fazer o que você gosta”, diz aos risos. Descontraído, ao relatar suas andanças como músico, escritor e jornalista, o pelotense fala de seus trabalhos como resultado da pluralidade linguística contemporânea. “Desde as piadas do meu avô, da literatura e do teatro de bonecos, até a mitologia e o folclore afro-brasileiro: minha obra não pretende uma só mídia. É como se eu jogasse linguagens no ventilador”, ri ao se referir sobre sua própria arte.
“Contar histórias é uma forma de amor”.

“Recebemos cerca de duas mil cartas mensais de pessoas que assistem o programa”
“A literatura na televisão é possível, mas falta”. Como quem vai aos livros para recontá-los por imagens, o mais tímido da mesa revela-se quando o assunto é criatividade. O diretor do programa Mundo da Leitura, Carlos Teston, segue a multidisciplinariedade proposta para a manhã e classifica sua produção como uma revista eletrônica para crianças. Quando fala em mesclar disciplinas, Teston comenta que a equipe de produção do programa, que vai ao ar em todo o Brasil pela TV Futura, é composta por profissionais de diversas áreas. O grupo conta com alunos do curso de letras, publicidade e propaganda, jornalismo e matemática. “A proposta de nosso trabalho é ampliar a compreensão de mundo das crianças, esse é o motivo de integrarmos diversas áreas”, conta Teston.
“A jornada é cultura que já está no coração de todo mundo”

“Quer ser cineasta? Inicie comprando um livro”.
Uma questão que se repete na transliteração das folhas para as telas é a frase “prefiro o livro”. Ao dialogar com as duas artes sem que uma seja exaltada, o cineasta Fabiano de Souza dá ao livro a missão de ser fonte de inspiração. “Deve-se entender que o livro é ponto de partida e não ponto de chegada. Ele deve prover as criações”, comenta o diretor do filme “A Última Estrada da Praia”. Tratando o gosto como questão subjetiva, esclarece que o cinema faz o papel canibal da arte, de mastigar os livros e transforma-los em películas. “Ao estudarmos cinema começamos a perceber que, mais do que fidelidade aos livros, trabalhamos como canibais que mastigam folhas e regurgitam filmes”, diz Fabiano ao caracteriza a audácia necessárias para produzir a arte das telas.

“Sou formado em ciências sociais e isso me ajudou a militar através da música”
“Toda essa luta com a literatura não vale nada se não chegar ao coração”
Como quem migrou das ciências sociais para a arte de contar histórias em canções, Demétrio Xavier faz poesia com a música crioula. Ao se apresentar, diz estar acompanhado por Guitarrita Castelhana, sua viola. Especializado na literatura do argentino Atahualpa Yupanqui, o músico porto-alegrense recorda a necessidade do diálogo entre culturas e da conversa do que há em comuns entre elas, e não como quem as readapta. Essa é a tentativa que faz o radialista a voltar ao “coplas”, a exemplo de quem preserva o patrimônio da humanidade: “Deve-se recontar a poesia popular que era passada oralmente por mestiços e índios. Nós que estamos preocupados com a literatura, devemos também nos preocupar com a tradição oral como quem deseja dizer que é mentira quando a literatura é elegida como a mais fria de todas as artes”.
Com esta fala a manhã de atividades no Encontro dos Escritores Gaúchos termina.
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