O paulista Felipe Castilho, autor da série O Legado Folclórico e da HQ Imagine Zumbis na Copa está impressionado com o que viu na 8ª Jornadinha Nacional de Literatura. A recepção, o carinho, a interação com os com os estudantes o surpreenderam. Uma das crianças que tietou foi Raíssa Luana da Conceição, 13 anos, da Escola St. Patrick, de Passo Fundo. Ela diz adorar tudo o que o autor publica, seja impresso ou nas redes sociais:
– Ele fala de um jeito muito legal das coisas que eu mais gosto (video game, séries, literatura). Sem contar que ele escreve muito mistério, que é o tipo de leitura que eu amo.

Raíssa, fã de Felipe Castilho
Felipe sentia-se em casa, enquanto atendia os alunos. Entre um autógrafo e outro, uma selfie e outra, ele conversou sobre folclore, mitos e literatura.
Nexjor – Como surgiu o desejo de ser escritor?
Felipe Castilho – Quando era pequeno, eu tinha vontade de escrever e desenhar. Tinha em Ziraldo e Maurício de Sousa meus ídolos. Depois vieram Neil Gaiman, Terry Pratchett, J. K. Rowling e ampliei meus horizontes. Mas a certeza de que estava no caminho que queria continuou.
Nexjor – Como é escrever livros teoricamente “infantis”, mas que são muito lidos por adultos?
Felipe Castilho- Essa é a boa literatura infantil. Acho que a classificação etária é só o start. A criança busca o livro pela curiosidade na história. O adulto quer se divertir, lembrando de quando era criança. Eu abraço as crianças de oito a oitenta e oito anos. Acho que o livro que se restringe a uma idade, que não proporciona lembranças no futuro, ele não cumpre o seu papel. Por isso temos autores “eternos”, como Cecília Meireles.

Renata Tufano e Felipe Castilho. FOTO : Victor Ferreira NEX
Nexjor – Você acha que os meios de comunicação e os produtores de conteúdo não aproveitam o folclore brasileiro, preferindo mitos “estrangeiros”?
Felipe Castilho – Encontramos muito na cultura pop inteira um monte de releituras. Isso é natural, por que é tudo muito interessante. Acho que é isso que falta aos nossos mitos, ao nosso folclore: Torná-los interessantes ao ponto de popularizá-los. Sítio do Pica Pau Amarelo é marcante na nossa infância, mas ele fica na infância. Diferente de um Percy Jackson, de Cavaleiros do Zodíaco, de God of War e de tantos outros que mostram mitologia as mais diversas faixas etárias. Esse é o objetivo do Legado Folclórico. Falta as pessoas incluírem o folclore brasileiro nesse liquidificador cultural que vivemos.
Nexjor -Você acha que o nosso folclore é infantilizado nas escolas?
É o estigma que ficou em Monteiro Lobato. Os personagens do nosso folclore também são assustadores e tensos. O Capelobo, um tamanduá que suga cérebros, não é conhecido de todos, muito provavelmente por que não está no Sítio do Pica Pau Amarelo.

Felipe Castilho recebendo os fãs.
More from 16ª Jornada Nacional de Literatura
Os monstros de Mário Corso
O autor fez parte da mesa “Monstros e outros medos colecionáveis”, na última noite da Jornada Nacional de Literatura Mário Corso …