Marco Lucchesi, Arnaldo Niskier e literatura
Literatura em uma conversa agradável e com um toque suave de humor. Assim foi a terceira manhã do 4º Encontro Nacional da Academia Brasileira de Letras , que aconteceu na quarta-feira (25). O encontro contou com a presença de Marco Lucchesi e Arnaldo Niskier, ambos membros da Academia.
[stextbox id=”custom” caption=”Marco Lucchesi”]Professor, escritor, ensaísta, tradutor e poeta carioca, além de pesquisador do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). É o integrante mais jovem da Academia. Eleito em março de 2011, ocupa a cadeira de número 15 da instituição.[/stextbox]
Lucchesi falou sobre tramas da ficção e da história, abordando seu livro Viagem a Florença: Cartas de Nise da Silveira a Marco Lucchesi. A obra é uma homenagem, através da qual o autor compartilha com o público um pouco da grandeza de Nise. Ele reúne toda a correspondência que a fundadora do Museu de Imagens do Inconsciente lhe enviou ao longo de 13 anos de amizade.
Para Marco, Nise era mais do que uma das maiores pensadoras já nascidas no Brasil, era uma amiga extremamente amorosa, fonte inesgotável de sabedoria e de palavras afetuosas e sinceras em conversas que evidenciavam sua nobreza como ser humano e em cartas de grande valor literário. Marco finaliza com sua frase de impacto: “Um livro que não cabe no coração, não é um bom livro”.
Marco Lucchesi (esquerda) e Arnaldo Niskier (direita)
[stextbox id=”custom” caption=”Arnaldo Niskier”]Escritor, suas obras versam sobre temas os mais variados, mas é na Educação e Literatura infantil que se destacam. Eleito em março de 1984 para a Academia, ocupando a cadeira 18. Foi recebido por Rachel de Queiroz.[/stextbox]
Niskier abordou a presença de Rachel de Queiroz na literatura e no cinema. Iniciou falando sobre Raquel e a intimidade que tinham. “Convivi muitos anos com ela, me chamava de filho, como se eu preenchesse o vazio que a perda do seu filho deixara”. Também contou que a convidou para ser a oradora e fazer seu discurso e que era muito engraçada, irônica e modesta.
Raquel, com 19 anos e pouca experiência, escreveu um clássico da literatura brasileira, o romance O quinze. A obra apresenta a seca do nordeste e a fome como conseqüência, não trazendo ou tentando dar uma lição, mas como imagem da vida.
Niskier comentou sobre as mídias em que ela foi lembrada, ressaltando a televisão, já que a adaptação feita pela Rede Globo do romance Memorial de Maria moura teve uma grande visibilidade. “É um romance forte, poderoso e fiel as expressões da época. Maria Moura representava Rachel de Queiroz, mostrava características da própria Rachel”. O acadêmico conta que, ao receber o convite da Globo, Rachel titubiou. Não queria aceitar o convite da Globo, pois acabam criando personagens em cima de personagens. No entanto, dobrou o valor do cachê e acabou aceitando.
Arnaldo acredita que a aquisição de cultura é feita pelo livro e não pela televisão. Afirma que o livro eletrônico vá derrubar o impresso: “O futuro é do livro impresso”, complementa. Para finalizar sua fala com chave de ouro, Niskier fez uma evocação à Raquel e brincou dizendo que não tem vocação poética.
Nexjor: Qual a contribuição da Rachel de Queiroz para a literatura brasileira?
Arnaldo Niskier: São os livros que ela fez, não foram muitos, mas foram marcantes. A partir de “O quinze”, que ela escreveu com 19 anos de idade, até “Tantos anos”, que foi seu último livro, aos 90 anos, e que escreveu em parceria com a irmã Maria Luíza.
N: O senhor teve o privilégio de conhecer Rachel e conviver com ela. Quais as características mais marcantes que a definiam?
AN: Ela me tratava como se fosse minha mãe. Era uma figura muito doce e bastante irônica. Gostava de política e nós conversávamos praticamente todas as noites, passando a limpo as questões da academia.
N: Anteriormente, o senhor falou que as questões de cultura são pouco divulgadas aqui no Brasil. Quem poderíamos chamar de culpado por isso?
NA: A escola. A escola deve valorizar mais ainda o gosto pela leitura. Evidentemente que depende também da vontade política dos governantes. Se isso se juntar, será bom para o Brasil.
Na sexta-feira (26), acontece o último Encontro Nacional da Academia Brasileira de Letras
Das 8h30min às 11:30 min, no auditório do LCI (prédio B5) – Campus I
Estarão presentes Alberto Venâncio Filho (Atualidades de Euclides da Cunha) e Murilo Melo Filho (Rui Barbosa Acadêmico)
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