
Conceição Evaristo durante a 16ª Jornada Nacional de Literatura. (Foto: Victor Ferreira)
Conceição Evaristo é uma das escritoras presentes na 16ª Jornada Nacional de Literatura. Assemelha-se e confunde-se com os outros autores e autoras na profissão, mas Conceição tem seu diferencial: é mulher, e é negra. Sabemos o que isso pode representar apenas ao lembrar do histórico de colonização do Brasil.
Sua escrita possui a autenticidade de uma mulher marcada pela subjetividade de ser mulher negra na sociedade brasileira. Em seus livros, Conceição fala em “escrivivência”, a marca da autora. Na sua escrita, coloca vivências, não só dela, mas de outras mulheres: “Eu cumplicio tanto com essas personagens, a ponto de confundir a fala delas com a fala da narradora, com a minha fala”. Para a escritora isso se torna possível dadas as suas experiências pessoais e ela relata que muitas das situações (presentes nos livros) ela conheceu de perto. Não viveu todas, é claro, mas tanto as experiências individuais quanto as coletivas marcam sua escrita. “O fato de eu conhecer as histórias na teoria e na prática, o fato de eu ser uma pessoa negra, isso permite que essas experiências me sejam muito próprias”, confidencia ela e assim, Conceição transforma relatos e vivências em histórias.
“O fato de eu conhecer as histórias na teoria e na prática, o fato de eu ser uma pessoa negra, isso permite que essas experiências me sejam muito próprias”
Seus livros não convocam apenas mulheres negras… se fazem ler e pensar por um público além, que se sente chamado a pensar com a sua escrita. Conceição desperta em todas a sororidade e cumplicidade das histórias. Conceição Evaristo é considerada uma das maiores escritoras do país, mas para as mulheres, principalmente as negras, Conceição é ícone de representatividade. A escritora quebra barreiras e a cada dia descontrói o imaginário brasileiro quanto à mulher negra, porque, como ela ressalta, “ao pensar as mulheres negras como intelectuais, como escritoras, o imaginário brasileiro ainda não lida muito bem com isso”. Mas precisa sim, lidar.
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